Ler esses depoimentos já me trouxe ao
princípio básico, em minha opinião, da leitura: viajei nas histórias e,
principalmente, revivi minha própria história.
A princípio, ao ler a proposta deste
fórum pensei que seria muito difícil desenvolver algum depoimento, afinal, o
que posso dizer sobre isso? De repente me vi escrevendo quase um livro em vez
de um simples relato.
Lembrei-me que ganhei livros antes
mesmo de saber ler. Minha mãe comprou para mim uma coleção de livros da Disney
que vinha acompanhada de fitas com o áudio das histórias. Quando minha mãe não
queria ler para mim, eu usava “Meu primeiro gravador” para ouvir essas
histórias e fazia questão de folhear os livros. Criança descuidada, acabei por
estragar meus livros amados de tanto folhear. Assim que comecei a ler, os li e
reli incontáveis vezes.
Não tive a infância difícil de muitos
de vocês, e admiro sua perseverança e vitória, pois acredito que ser educador é
algo brilhante, sinto um orgulho imenso ao preencher um cadastro com a
profissão de Professora.
Minha infância de travessuras sempre
envolvia um livro, ou uma brincadeira de escolinha. E ainda assim eu demorei
tanto a perceber que gosto de ser professora. Eu gostava muito mesmo de subir
no telhado da casa da minha avó, onde eu morava, e ficar lá em cima, escondida
de todos, lendo. Eu sempre os via me procurar pela casa, na rua, nos vizinhos,
e ficava lá, rindo por nem desconfiarem do meu lugar secreto.
Os livros sempre estiveram à minha
disposição. Mas o que sempre gostei foi de um bom desafio. Gostava de ler o que
me diziam que eu não gostaria ou que não podia. Li “Dom Casmurro”, de Machado
de Assis, com 8 anos. E não era uma versão recontada para jovens, era uma
edição bem antiga, amarelada, que foi de minha mãe no colegial.
Li, li e li mais ainda com o
passar dos anos. Li por obrigação, por gosto, por não ter o que fazer, por
querer fazer, por tentar fugir para o universo particular de minha imaginação.
Enfim, li muito e sempre. Perdi há muito mesmo a conta dos livros que já li.
Tive até ilusões de receber uma carta de Hogwarts (Escola de Magia e Bruxaria
de Hogwarts, cenário dos livros de Harry Potter), aos meus quase 12 anos (eles recebem essa
carta ao completar 11 anos, eu já tinha passado do tempo, mas sonhar ainda é
permitido).
No Ensino Médio, em troca de bolsa de
estudos em uma escola particular de minha cidade, “trabalhei” na biblioteca.
Que trabalho desgastante. Fui “obrigada” a ler coleções inteiras para passar o
tempo. Não tinha livro que chegasse. Lia, muitas vezes, dependendo do número de
páginas, claro, mais de um livro por dia.
Também no Ensino Médio tive a
oportunidade de aprender o sabor da leitura fluida de um poema, com uma
professora que me inspirou muito. Acho que ela conseguiu me fazer gostar ainda
mais de ler. Participei com ela do projeto Viagem Nestlé pela Literatura. Foi
uma experiência incrível. Muito enriquecedora. A admiração por essa minha
professora, que destrinchava livros e poesias com uma naturalidade apaixonada,
mais tarde me fez escolher o curso de Letras, embora na época eu achasse que
seria apenas enquanto não me decidia por outro curso.
Escrevi nesse depoimento, que muitos
pensarão ”para que escrever tanto”, uma síntese, isso mesmo, síntese, de minhas
emoções e recordações ao pensar em leituras. Deixei de escrever muitas
experiências, porque me emocionariam mais do que consigo controlar.
Poxa, não sei mesmo, agora enquanto
tento finalizar, por que pensei que escrever sobre minha prática de leitura
seria difícil.
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